domingo, 19 de junho de 2011

O ceará na segunda guerra

O Nordeste do Brasil teve papel importantíssimo no desenrolar da Segunda Guerra Mundial. Como toda a Europa Central estava tomada pela Alemanha ou seus simpatizantes, não havia um país que cedesse espaço para os aliados estabelecerem uma base.
Essas bases foram criadas no Nordeste do Brasil; os aliados enxergaram na proximidade do Nordeste com o Norte da África um importante elemento estratégico para vencer a guerra. O porto do Recife foi transportado em base para recepção de material aliado, que supriria submarinos americanos e alemães no Atlântico Sul. AHistória de Natal foi marcada pela presença americana durante a Segunda Guerra; primeiro foi utilizado o largo rio Potengi, que permitia o pouso de hidroaviões; posteriormente, construiu-se a base aérea de Parnamirim, que viria a ser o atual aeroporto de Natal. Mesmo em Noronha, os americanos deixaram traços de sua presença militar que até hoje estão visíveis.
Na edição de hoje, o Diário do Nordeste publica uma interessante reportagem sobre a influência dos americanos em Fortaleza durante a Segunda Guerra. Abaixo, alguns trechos:
A Segunda Guerra coincidiu com uma série de transformações por que Fortaleza passava nos anos 1940. A evolução do conhecimento tecnológico, os veículos em progressão, as mudanças no ordenamento urbano, o crescimento populacional. Em vinte anos, a população dobrou, passando de 78.536 habitantes, em 1920, para 180 mil, em 1940, segundo censos oficiais. No início do século XX a área da cidade não passava de 6 km2, e expandiu-se para 40 km2 no início dos anos 1940. As ruas passaram de 61 para 150 e o número de veículos, de 600, em 1929, para 1.287, em 1944.
Ao mesmo tempo, Fortaleza se deparava com a chegada dos soldados norte-americanos. Como informa Antonio Luiz Macedo, autor do livro “Paisagens de Consumo – Fortaleza no Tempo da Segunda Grande Guerra”, estima-se que, entre 1943 e 1946, um total de 50 mil americanos tenham passado pela cidade.
Nas horas de lazer, iam para o Clube de Oficiais, local que hoje abriga o restaurante Estoril, na Praia de Iracema. A orla do bairro, o Ceará Country Club, o Clube Iracema, praças, sorveterias e cinemas também eram espaços onde os americanos se distinguiam do típico cearense. 




Em Fortaleza, a primeira base montada pelos norte-americanos foi no atual Pici. Durante anos se falou que o nome do bairro se devia à sigla PC, que em inglês remetia a “Post of Comand” ou Posto de Comando. Entretanto, historiadores defendem que, na região, já havia um sítio de nome Pici e cuja parte foi cedida para formar o posto americano.
Há outros traços históricos menos controversos. Um deles está no Cemitério São João Batista, onde ainda se observam espaços reservados para jazigos de judeus mortos durante a guerra. Nos túmulos, estrelas de Davi emolduram discretamente nomes de famílias como Cohn, Kligmann, Schwarrz, Heymann e Goldschmidt. No mesmo  plano, no lado norte do cemitério, está o bloco dos ex-combatentes; apesar da infraestrutura modesta, o local é de destaque, rente à rua principal do cemitério. Naquela época, ingleses também foram sepultados em Fortaleza.
Nessa época em que Fortaleza busca reaproximar-se dos Estados Unidos, dessa vez por meio do turismo, é interessante deixar registrado esse laço que une as duas culturas.   
      
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